Diferente da transmissão no interior, em que o hospedeiro do carrapato são animais de grande porte como cavalos e capivaras, na cidade, cães e gatos são os principais veículos para que o carrapato chegue ao contato humano
Os recentes casos de Febre Maculosa Brasileira (FMB) na região de Campinas, no interior paulista, reacenderam a preocupação com a doença e a forma de transmissão. Por isso, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Diadema orienta a população sobre os cuidados para prevenir a doença no perímetro urbano e procurar atendimento, quando suspeitar da enfermidade. É importante esclarecer que Diadema não registra casos confirmados da doença nos últimos anos. O último caso de residente confirmado foi em dezembro de 2021.
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença de notificação compulsória. Se não diagnosticada e tratada corretamente a tempo, pode levar ao óbito. A boa notícia é que existe tratamento, através de uso de antibióticos específicos.
A doença é transmitida pela picada do carrapato infectado pela bactéria Riquétsia. Diferente do carrapato estrela (Amblyomma cajennense) presente em animais como cavalos e capivaras, o principal vetor da febre maculosa na região metropolitana de São Paulo é o carrapato amarelo (Amblyomma aureolatum), cujo hospedeiro são cães e gatos que têm acesso à região de mata.
O carrapato que está transmitindo a doença na região do Grande ABC chama-se Amblyomma aureolatum (conhecido como carrapato amarelo do cão) e é um carrapato que eventualmente pode parasitar cachorros e aves, principalmente aqueles que passeiam em áreas urbanas ou periurbanas de mata atlântica remanescente. Pode ocorrer, com menos frequência, em gatos.
Na região do interior de São Paulo, o carrapato envolvido é o A. sculptum (carrapato estrela), que parasita, principalmente, cavalos e capivaras e é encontrado em região rural.
ENTENDA
Geralmente, o carrapato chega ao humano por duas situações. Na primeira, o cão ou gato que passeia pela área de mata e volta com o carrapato no corpo e, por sua vez, pode se fixar no corpo da pessoa pelo contato entre tutor e animal de estimação. Na segunda situação, o carrapato pode chegar ao corpo da pessoa quando esta realiza trilha ou outras atividades nessas regiões.
Assim, a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) Diadema recomenda não deixar o cão ou gato ir sozinho para a rua ou região de mata, usar coleira carrapaticida, e verificar se os animais estão com carrapatos. Para quem realiza atividades nessas áreas, o uso de roupas claras e compridas e sapatos fechados pode ajudar na prevenção. Ao voltar para casa, é preciso vistoriar todo o corpo.
Caso encontre um carrapato, é preciso ter cuidado ao retirá-lo. Tirar com pinça (nunca com as mãos nuas) e entregar na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência com nome e endereço. Isso possibilita identificação do carrapato na UVZ.
SINTOMAS
A doença aparece de 2 a 14 dias após a picada. Nem todo carrapato está infectado com a bactéria, então, não necessariamente a pessoa desenvolverá a doença, por isso é importante estar atento aos sintomas após o contato.
Os principais sinais da doença são febre elevada, dor de cabeça constante e dores musculares intensas, manchas avermelhadas, principalmente na palma das mãos e planta dos pés, que podem surgir até o 5º dia de contato com o carrapato; porém as manchas podem estar ausentes. Os primeiros sintomas surgem entre o 2º e 14º dia após a picada.
A médica veterinária e coordenadora da UVZ Diadema, Nanci do Carmo, ressalta que nem todo contato com carrapato vai transmitir a doença, mas é importante ficar atentos. “Mesmo sendo uma zoonose grave, muitas vezes, pode passar desapercebida pelos médicos, por ter seus sintomas comuns a outras doenças. A cura da doença vai depender muito da precocidade do tratamento adequado. Por isso é importante informar o histórico do paciente durante a consulta, principalmente quando esteve em locais endêmicos para a febre maculosa ou se teve contato com o carrapato ou mora em regiões próximas de mata”, afirma. Se não tratada a tempo, a doença pode evoluir para a morte.
O Hospital Municipal e os demais serviços de saúde de Diadema estão preparados e sensibilizados para suspeitar e diagnosticar a doença. Além disso, o serviço de Epidemiologia e Controle de Doenças (ECD), da Coordenadoria de Vigilância à Saúde e o Núcleo de Informação monitoram a situação epidemiológica no município.
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